Além da caverna: o que a velhice me ensinou - Parte da 1
Durante anos, vivi com os olhos voltados para dentro da caverna. Via sombras dançarem nas paredes e acreditava que aquilo era tudo: o sucesso, a beleza, o vigor da juventude — formas distorcidas projetadas por uma luz que eu ainda não conhecia.
Mas a vida, essa mestra sutil, me levou sem aviso por um caminho onde os passos tornaram-se mais lentos, o corpo mais silencioso e os pensamentos mais profundos. Foi então que cruzei um portal invisível. Nada me anunciou: “Bem-vindo à velhice.” E, no entanto, lá estava eu — do outro lado, diante da luz.
No início, fui como o prisioneiro libertado da caverna de Platão: os olhos feridos pelo brilho, a mente confusa, a identidade em suspenso. Quem era eu, agora que minha produtividade já não ditava meu valor? Que os olhares dos outros vinham carregados de condescendência ou esquecimento?
(continua)
Carlos Santarem
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