A Metamorfose do Tempo: Reflexões de um Corpo que Envelhece
Às vezes me sinto como Gregor Samsa, aquele personagem de Kafka do Livro “A Metamorfose” que acorda como um inseto horripilante e não reconhece mais a si mesmo. O espelho me devolve um corpo que já não responde como antes. As dores, a lentidão, a fragilidade... são minhas asas cortadas.
No livro, Gregor é isolado por sua família, tratado como um fardo. Também sinto, por vezes, o peso do esquecimento — amigos que se vão, vozes que me falam com paciência exagerada. A sociedade nos esconde quando deixamos de produzir.
Mas, diferente de Gregor, ainda tenho voz. Ainda sonho, sinto, lembro. A metamorfose da velhice não é monstruosa — é humana, cheia de sabedoria, medo e beleza. Kafka me faz ver que, mesmo mudado, sigo merecendo afeto, dignidade e olhar atento. Porque, no fim, a verdadeira desumanização não está no corpo, mas na forma como somos vistos. E tratados.
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