Além da caverna: o que a velhice me ensinou - Parte 3
O que mais me surpreendeu foi a transformação da minha própria ideia de amor. Antes, era vertigem, paixão urgente, promessas exageradas. Agora, tornou-se presença. O amor amadurecido é feito de paciência, partilha, silêncio confortável. É menos fogo e mais brasa — e aquece por mais tempo.
Penso, às vezes, naqueles que ainda vivem na caverna. Amigos, filhos, netos talvez. Se pudesse, voltaria e lhes contaria o que descobri. Diria que envelhecer não é um castigo, mas uma chance rara de ver com clareza. Que as rugas não são marcas do tempo, mas inscrições da vida vivida. Que o corpo, embora mais frágil, carrega consigo uma alma fortalecida por tantas quedas e reerguimentos.
Mas sei — como sabia o homem da caverna de Platão — que muitos não acreditariam. Ririam, talvez. Ou me chamariam de louco. É difícil aceitar a luz quando se está habituado às sombras. Difícil acreditar que o que parece o fim possa ser um recomeço mais verdadeiro.
Carlos Santarem
(Continua)
*** *** ***
*O tema é do seu interesse? Gostou da matéria? Deixe sua curtida e compartilhe!*
Navegue pelo site e veja mais sobre o tema.
https://maisd60.blogspot.com/
#velhice #caverna #platão #sombras #prisioneiro #testemunho
Nenhum comentário:
Postar um comentário